Tempos magrosQuando a borracha da Malásia tornou proibitivo o preço da borracha da Amazônia no mercado mundial,
a economia regional estagnou. A gravidade da crise foi conseqüência da falta de visão dos líderes empresariais da época, principalmente
os denominados "barões da borracha", cuja imensa capitalização no período de fausto foi usada apenas para obras e ações improdutivas,
e governamental, o que resultou na completa ausência de alternativas para o desenvolvimento regional.
Estagnaram, e empobreceram também as cidades. Da vila de Santo Antonio do Madeira, que chegou a contar com uma pequena
linha de bonde e jornal semanal ao tempo em que se iniciava Porto Velho, resta hoje uma única construção. A sobrevivência
de Porto Velho está associada às melhores condições de salubridade da àrea onde foi construída, da facilidade de acesso pelo
rio durante o ano todo, do seu porto, da necessidade que a ferrovia sentia de exercer maior controle sobre os operários para
garantir o bom andamento das obras, construindo para tanto residências em sua área de concessão, e, até mesmo, de uma certa
forma, ao bairro onde moravam principalmente os barbadianos trazidos para a construção.
Desenvolvendo-se sobre uma pequena colina ao sul da cidade, ainda em área da ferrovia, surgiu o bairro denominado originalmente
de Barbadoes Town (ou Barbedian Town), embora posteriormente se tenha tornado mais conhecido como o Alto do Bode.
O núcleo urbano que então existia em torno das instalações da EFMM, inclusive e com muito significado, o Alto do Bode, serviu
de justificativa para a consolidação de Porto Velho como a capital do Território Federal do Guaporé, em 1943. Essa pequena
colina foi arrasada no final dos anos 60, e o Alto do Bode desapareceu. Ao longo do período que vai de 1925 a 1960, o centro
urbano adquiriu feições definitivas. O sistema viário de bom traçado e o sistema de esgotos da região central são heranças
dos previdentes pioneiros; os prédios públicos, o bairro Caiarí, etc..., são provas de que, mesmo em meio à grandes dificuldades, é possível construir e avançar.
Sòmente com a erupção da segunda guerra mundial, e a criação dos territórios federais em 1943, ocorreu novo e rápido ciclo
de progresso regional. Esse surto decorreu das necessidades de borracha das forças aliadas, que haviam perdido os seringais
malaios na guerra do Pacífico, e produziu o denominado "segundo ciclo da borracha". Finda a guerra, novamente a economia regional
baseada na borracha, e dirigida com imprevidência e incapacidade empreendedora, entrou em paralisia.
Porto Velho atual..
A moderna história de Porto Velho começa com a descoberta de cassiterita (minério de estanho) nos velhos seringais no final
dos anos 50, e de ouro no rio Madeira. Mas, principalmente, com a decisão do governo federal, no final dos anos 70, de abrir
nova fronteira agrícola no então Território Federal de Rondônia, como meio ocupar e desenvolver essa região segundo os princípios
da segurança nacional vigentes. Além de aliviar tensões fundiárias principalmente nos estados do sul, por meio da transferência
de grandes contingentes populacionais para o novo "Eldorado"
Quase 1 milhão de pessoas migrou para Rondônia, e Porto Velho evoluiu rapidamente, de 90.000 para 300.000 habitantes. Para
efeito comparativo com o restante do país, vejamos a tabela seguinte (ver também a seção Um pouco de geografia, abaixo):
Taxa de crescimento populacional (%)
|
1950/60 |
1960/70 |
1970/80 |
1980/90 |
Rondônia |
6,39 |
4,76 |
16,03 |
7,88 | TR>
Norte |
3,34 |
3,47 |
5,02 |
5,19 |
Brasil |
2,99 |
2,88 |
2,48 |
1,92 |
A cidade (e o estado) tornou-se um novo caldeirão cultural, onde se misturam hábitos e sotaques de todos os quadrantes
do país. Juntaram-se ao Boi- bumbá e forró (de origem nordestina), o vaneirão (gaúcho); ao tacacá e açaí, o chimarrão; à alpercata,
a bota e o chapéu de vaqueiro. O desenvolvimento da pecuária incorporou as festas de peões e os rodeios aos folguedos juninos.
Esta migração intensa provocou um explosivo crescimento da cidade, particularmente na década de 80. Hoje a urbe mostra
as feridas decorrentes desse crescimento desordenado. Os bairros periféricos são pouco mais que um aglomerado de casebres de madeira cobertos de palha, sem ordenação ou infra-estrutura. Em grande parte
resultam de invasões de terras ainda não ocupadas, por parte de uma população sem teto, que aqui chegava num ritmo não acompanhado
pelas instituições públicas. Os nomes desses bairros expressam bem as condições de sua criação. São o Esperança da Comunidade,
o Pantanal, o Socialista, etc. Apenas o centro, uma herança dos desbravadores, apresenta características de urbanização definidas. Os bairros que se interpõe
entre o centro e a periferia, mostram bem essa condição. Ruas ainda por asfaltar e sem calçadas, rede de esgotos inexistente,
casebres de madeira ao lado de belas residências. A redução na taxa de crescimento demográfico da década atual, por outro
lado, tem permitido que rapidamente os moradores e os órgãos públicos implementem melhorias que já são visíveis. A cidade
hoje conta com a Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que dispõe de campus avançados em diversas cidades do interior, e quatro faculdades particulares, formando entre
outros profissionais: advogados, economistas, matemáticos, contabilistas, administradores, geógrafos, odontólogos, biólogos
e processadores de dados. A rede escolar de primeiro e segundo graus absorve a população estudantil. Não sem as deficiências
que se observam em todos os setores da educação, em todo o país, se isso pode servir de consolo.
Nesse ponto, vale uma observação: além da Madeira-Mamoré, o rio Madeira foi e é fundamental para a vida da cidade. E há uma verdadeira relação de amor entre a população e o rio, do qual se diz
que, quem bebe de suas águas, ainda que vá embora, volta sempre.
Navegando pelos rios Madeira e Amazonas, a cidade encontra-se a 3.061km do litoral norte do Brasil, nas proximidades de
Belém do Pará. São 1.108km pelo Madeira desde Porto Velho até a sua foz cerca de 200km a jusante de Manaus, e o restante pelo
grande rio-mar, o Amazonas. Esta magnífica hidrovia natural poderá tornar-se em pouco tempo o grande impulsionador da economia
do estado, e da cidade em particular, à medida que as melhorias que se vem implementando tornem mais seguras e rapidas as
viagens até Manaus e Belém. A vida dos ribeirinhos (beiradeiros) certamente tornar-se-á mais fácil também
Documentos Legais
- Criação do município: Lei No. 757 de 02/out/1914 cria o município de Porto Velho, instalado em 14/out/1914, parte do Estado do Amazonas, com sede
no povoado de mesmo nome.
- O status de cidade: Lei No. 1.011 de 07/jul/1919 eleva a povoação sede da comarca de Porto
Velho à categoria de cidade.
- Território Federal do Guaporé: Decreto Lei nº 5.812 de 13 de Setembro de 1943 cria o Território, unindo
terras dos estados do Mato Grosso e Amazonas.
- O status de capital: Decreto Lei federal No. 5.839 de 21/set/43 define a cidade de Porto Velho
como capital do Território Federal do Guaporé.
- Surge Rondônia: Lei federal No. 2.731, de 17/fev/56, em homenagem à Cândido Mariano da Silva
Rondon, desbravador e humanista, altera para Território Federal de Rondônia, o nome do Guaporé.
- O estado de Rondônia: Lei Complementar No. 4, de 22/dez/81 cria o Estado de Rondônia, instalado em
04/jan/82, tendo Porto Velho como sua capital.
Um pouco de geografia
- Localização: longitude oeste: 63º 54' 14" latitude sul: 8º 45' 43"
- Clima: equatorial, quente e úmido.
- Temperaturas: máxima= 40ºC; mínima= 16ºC; média das máximas= 31,8ºC; média das mínimas= 27,7ºC.
- Período das chuvas (inverno amazônico) - dezembro a março.
- Período de calor (poucas chuvas: verão amazônico) - agosto a novembro.
- População (2000): Homens= 166.737 Mulheres= 167.924 Total= 334.661 Urbana= 273.709 Rural=60.952 (IBGE).
- Altitude: em relação ao nível do mar - 98m.
- Área do município : 34.069 km2.
- Distâncias : Porto Velho a
- Vilhena = 750 km - Belo Horizonte = 3.050 km - Brasília = 2.589
km - São Paulo = 3.170 km - Manaus = 905 km
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